BLOG


Darwin e a semana de moda




2, February 2018 - by

É interessante ver como os desfiles de moda mudaram de uns tempos para cá. Antes se falava muito em tendências na moda. Hoje ninguém nem sabe direito o que é isso. Cada um faz o que quer do jeito que quer e você não segue ninguém. O consumidor compra de quem produz o que mais se parece com sua personalidade.

Há anos fiquei curiosa e descobri que quem lançava as tais tendências eram as equipes dos Institutos de Moda parisiensesem parceria com as tecelagens. Até hoje existem os famosos Bureau de Moda, como os do Instituto Nelly Rodi.
Você quer saber qual vai ser a cor tendência para a decoração em 2020? Ou o jeans “objeto-do-desejo” em 2017? Pode comprar o respectivo “bureau” e ficar sabendo com anos de antecedência. O problema é o preço. Uma vez pedi para meu avô comprar o tal do bureau para mim. Depois de ficar um pouco perdido, entrar em uma fila e esperar, ele me ligou dizendo: “Gatinha, o livrinho que você QUERIA custa R$10.000,00!”.
Mas nem tudo são flores no mundo das tendências. Em um passado distante a cor tendência, decidida pelos Institutos e tecelagens, seria o marrom e eis que surge na escadaria do avião presidencial, ela, sempre ela, Jacqueline Kennedy, então primeira-dama dos EUA, de tailleur… Vermelho! As tecelagens quase foram à falência. Coisas da vida.

O naturalista britânico Charles Darwin é autor da obra “A origem das espécies” e sabemos que não é dele a famosa frase:“Não é o mais forte que sobrevive, nem o mais inteligente, mas o que melhor se adapta às mudanças”. Darwin era um evolucionista. Não estudava indivíduos, e, sim, populações. Populações evoluem e se adaptam. Indivíduos não evoluem ou se adaptam. Indivíduos respondem ao meio ambiente se aclimatando.
Zygmunt Bauman, sociólogo polonês, professor emérito na Universidade de Leeds, na Inglaterra, e na Universidade de Varsóvia, na Polônia, diz que no séc. XX assistimos a uma fragmentação da sociedade, da vida humana. Ele criou o termo “Modernidade Líquida” para explicar a fragilidade das relações no mundo pós-moderno, porque a liberdade dificulta a formação de vínculos. “A humanidade multiplicou as conexões, as relações, as interdependências, as comunicações, espalhadas por todo o mundo e, assim, as sociedades foram individualizadas. Em vez de se pensar em termos de a qual comunidade se pertence, tendemos a redefinir o propósito de vida para o que está acontecendo com cada pessoa. Sociedades passadas abriram mão de suas liberdades em prol de segurança e talvez nosso problema atual seja que abrimos mão de nossa segurança em prol da liberdade”, explica Bauman.

Hoje temos o desafio de criar nossa própria identidade. Identidade, essa, que não herdamos e que temos que redefini-la sempre. Essa identidade é moldada a partir das oportunidades que temos na vida. Em qual lugar você nasceu? Você estudou? Onde? Quantos anos você tem? Qual é o seu trabalho? Sua profissão? Etc.Nessa sociedade individualizada você passará a vida se redefinindo, porque o mundo se tornou um lugar dinâmico.
Mas como é que vamos evoluir como indivíduos, criar nossa própria identidade e não seguir tendências de moda se indivíduos não evoluem? A-ha! Indivíduos respondem ao meio ambiente se aclimatando, portanto,foi a sociedade que evoluiu e você se aclimatou.

A Democracia é um regime de governo que confere poder às pessoas de participar, debater ou decidir direitos a partir dos princípios de liberdade de expressão e dignidade humana. São as sociedades democráticas que permitem pessoas com diferentes pontos de vista se expressarem.
No filme “O Diabo Veste Prada” Andrea Sachs (Anne Hathaway) se vê inserida em um núcleo diferente: A revista Runway, dirigida com mãos de ferro por Miranda Priestley (Meryl Streep). Pelo emprego Andrea corta o cabelo, troca as roupas e trabalha feito louca. Andrea em certo momento começa a se sentir um indivíduo diferente dela mesma e do que tinha idealizado ou sonhado para a sua vida. Ela percebe isso em Paris, no meio da semana de moda. Ali, Miranda oferece a ela uma promoção na revista. Andrea declina e vai embora. Abandona o emprego dos sonhos de muitas garotas ao redor do mundo. Por que Andrea faz isso? Por que abandona tudo para retroceder e começar de novo? … Porque Andrea é livre para escolher e vive em uma sociedade que coopera para que ela construa sua própria identidade.

Av. Senador Luis Lisboa, 200 - Centro - Jacutinga - MG

(35) 3443-1017
cafe@cafedacondessa.com.br

NEWSLETTER

Café da Condessa © All rights reserved